Este é o projeto que criei para auxiliar em minha criação. Este é o inicio de todo o meu processo.
Apresento agora o projeto de "Tróia Desmorona".
Criação: Joanderson Floriano
INTRODUÇÃO
A
peça transita entre trechos e adaptações em cima do mito de Cassandra. Nela não
me importo em dar foco a guerra de Tróia ou então a toda a história da família
real que Cassandra está submetida. Desenvolvo mais uma dramaturgia livre,
contendo um ponto único que é Cassandra, a partir de ideias, contos e outras
peças já vistas sobre a princesa.
UM POUCO DO MITO
Cassandra
tornou-se uma jovem de magnífica beleza, devota servidora de Apolo. Foi de tal
maneira dedicada que o próprio deus se apaixonou por ela e ensinou-lhe os
segredos da profecia. Cassandra tornou-se uma profetisa, mas quando se
negou a dormir com Apolo, ele, por vingança, lançou-lhe a maldição de que
ninguém jamais viesse a acreditar nas suas profecias ou previsões.
Cassandra
passa a ser considerada como louca ao tentar comunicar à população troiana as
suas inúmeras previsões de catástrofe e desgraça.
A
falta de credibilidade das previsões e profecias de Cassandra levou à queda e
consequente destruição de Tróia, quando esta viu frustrada as
suas sucessivas tentativas de implorar a Príamo que ele destruísse o
cavalo de madeira (Cavalo de Tróia) engendrado por Ulisses para a conquista de
Tróia pelo seu interior.
Cassandra
é levada prisioneira por Agamenon que mais tarde este seria morto por
Clitemnestra. Clitemnestra mais tarde também viria assassinar Cassandra.
A ADAPTAÇÃO
Inicia-se
com o ritual de Cassandra a Apolo. A sacerdotisa com o amor e obediência que
nutre pelos deuses, adquire um brilho que é dado por este que nenhuma alma
jamais visse.
Na
primeira cena Cassandra em ritual a Apolo, narra o destino a que Tróia está
submetida. Possuída por um amor ao povo de Tróia, narra também a dor que sente
em ver a destruição se aproximando e todos não acreditando no que diz. O Coro
sempre presente mostra parte dos sentimentos de Cassandra e de sua mais
profunda alma. Junto ao Coro está uma série de narrativas, do que já aconteceu
à menina, à Tróia e aos deuses, prevendo também em vezes o futuro de Tróia. O
Coro sempre está possuído por sentimentos de afeto por essa menina tão
iluminada, também sofre junto com povo de Tróia suas dores e angustias, por
isso muitas vezes é tomado por gritos, demonstrações de dores, produzindo assim
muitas vezes sons irreconhecíveis, e que produz certa confusão sonora em cena.
Na
Segunda cena há a primeira visão de Cassandra, onde a menina diz a que Tróia
está destinada. Ela torna muitas vezes falar sobre a destruição de Tróia e que
então este povo irá desmoronar.
Hécuba
sua mãe, tenta conduzir um dialogo amigo com a menina, tenta lhe mostrar que
nada do que dizes é verdade. Através de muito cuidado e carinho esta mostra o
quanto a ama, mas enfatiza que Cassandra tem que cuidar ao pronunciar suas
visões, pois muitos a têm como louca, e está correndo risco de pagar um preço
alto por este devaneio.
Cassandra
então ressalta dizendo que haverá morte e sangue será derramado em vão, famílias
irão padecer por desatenção do rei. E então prevê o pior.
O
Coro chora por saber que Cassandra sofrerá a dor pelo dom a ti dado.
Na
terceira cena, Cassandra fala com Príamo, seu pai. E então este cansado de
ouvir previsões que acredita ser um blefe da menina para conseguir atenção,
exige que Cassandra seja levada prisioneira, como castigo para que ela possa
refletir sobre seus feitos. Neste momento o Coro repudia a decisão de Príamo, e
vai ao encontro de Cassandra, pois sabe que o pior já se deu início.
Na
quarta cena, Cassandra já prisão tem a segunda visão, expondo que Tróia já não
possui mais a mesma essência pura de antes e que uma atmosfera nebulosa já toma
conta deste povo.
Hécuba
chega à prisão desesperada e informa que Príamo está morto. Em seguida se
arrepende com a filha por não tê-la ouvido, e a liberta. Em seguida Hécuba
foge.
O
Coro narra a invasão de Tróia.
A
quinta e ultima cena, constitui-se no choro de Cassandra ao ver que não pôde
fazer nada, e que o amor, o dom e toda alegria a ti dada foi um fator crucial
para aquele fim.
Apolo
então aparece para Cassandra, e a consola, em seguida ele leva a leva para
viver sua eternidade.
O
Coro chora a ida de Cassandra, mas se alegra por saber que a mesma estará com o
seu brilho permanente e terá a felicidade que a ti sempre foi de direito.
JUSTIFICATIVA
A
decisão em iniciar minha pesquisa e dar foco no meu trabalho todo no mito de
Cassandra é simplesmente o fato de ser uma vontade pessoal que precisava ser
realizada.
Quando
descobri no primeiro semestre que teria esta disciplina, pensei em montar para
poder dar então inicio a minha vontade. Porém, até um momento do curso só vi
pessoas montando ou adaptando textos de autores que muitas vezes já possuía uma
dramaturgia pronta, eu mesmo trabalhei com pessoas nesta cadeira no primeiro,
segundo e terceiro semestre que montaram somente textos prontos.
No
entanto, ao chegar ao quarto semestre do curso, me deparei com o trabalho de um
colega que estava escrevendo sua própria dramaturgia, e então reavivou em mim
uma vontade que já tinha sido deixada de lado pelo tempo. Foi então que comecei
a iniciar meu processo de buscar, de relembrar na memória ideias passadas, e
começar a pensar em como poderia coloca-las em pratica.
Chegando
então ao quinto semestre, pensei ter que montar dois textos, um em cada
semestre, porém foi uma ideia totalmente equivocada, pois o professor da
disciplina Adriano Moraes, inovou, propondo que este primeiro semestre seria
para a construção, pesquisa e a realização do projeto, juntamente com um Blog
para expor nossos processos. E o segundo semestre seria para a realização da
encenação.
Com
isso, percebi que seria um desafio eu montar, seria trabalhoso, demorado, porém
pensei que poderia ser satisfatório ao final. Por isso então resolvi que seria
este meu grande desafio dentro da academia, montar e criar a Cassandra que
sempre tive vontade.
Contudo
todo o trabalho de criar as cenas, pensar personagens e ideias de toda a
encenação, está sendo de certa forma muito divertido, estou podendo nesta
disciplina criar, viajar e abusar de ideias que sei que terei de rever quando
for por em prática, mas neste momento, prefiro aproveitar e me deliciar com a
Cassandra de minha vida.
EQUIPE
A
principio, conto com uma equipe que totaliza cinco pessoas. Estas pessoas
possuem papeis importantes em minha encenação, como:
Coreografo:
Trabalhará especificamente com a movimentação do Coro, e intervenções que
haverá com Cassandra.
Iluminador:
Tem desde o inicio pensado numa ideia de como ambientar o local, para que dê ao
espectador a sensação de que o ritual deu-se inicio. Tem também o objetivo de
pensar como fazer uma iluminação que percorra por todas as cenas, de que forma,
o que será preciso, etc.
Preparador
Vocal: Tem como objetivo dar toda e qualquer assistência vocal aos atores e
atrizes, com o foco em trabalhos de grupo para que facilite o desenvolvimento
do Coro e de todo o grupo.
Músicos:
Estarão presentes em boa parte (se não todas), ambientando e significando boa
parte das ações. A criação sonora ainda
está para ser pesquisada por isso em minhas referências não farei citação, e
necessito de trabalhos de criação de grupo, pois toda sonoplastia partirá deste
princípio.
OBS:
É importante citar que ainda não estou com a equipe fechada, pois falta alguns
atores e atrizes confirmarem e pensar em pessoas que colaborem com a criação
geral.
CRONOGRAMA
A
princípio os ensaios serão realizados de duas a quatro vezes por semana, a
ideia é que seja um ensaio de leitura, preparação corpórea vocal, jogos,
improvisos e construção das cenas. Cada ensaio terá em media de duas a três
horas por dia. Porém se eu ou o grupo acreditarmos ser necessário, será
alterada essa proposta inicial.
DETALHAMENTO DA DRAMATURGIA
Personagens:
Coro
Cassandra
Hécuba
Príamo
Mulher
Apolo
Ação:
A ação
da peça é uma adaptação livre em torno do mito da história de Cassandra e a
guerra de Tróia, além de minhas experiências como espectador e ideias pessoais.
Um conflito entre o destino e previsões de Cassandra, gerando através de
duvidas de outros personagens um horror psicológico, tirando a ingenuidade e o
brilho da personagem. Tróia não acredita em Cassandra e muito menos em suas visões
e então pega o preço pela duvida.
Espaço:
Inicia-se
no templo de Apolo com movimentação do Coro e em seguida é a preparação para um ritual próximo as arvores
onde Cassandra tem sua primeira visão. Em seguida a terceira cena acontece em frente
ao palácio de Príamo quando o mesmo fala ao povo. A próxima cena é constituída
dentro da prisão com a segunda visão de Cassandra e logo em seguida libertada
por Hécuba. A última cena volta ao templo de Apolo com o refugio de Cassandra
que é tomada por um choro desesperador e que em seguida e levada por Apolo.
Espaço
Físico: A encenação é desde o início prepara para acontecer em um espaço aberto
e com possibilidades de troca de espaço. E então foi pensado em ser utilizado o
Anglo (Campus da Universidade Federal de Pelotas).
Tempo:
Passa
do por do sol até o nascer do sol.
Tempo
Cronológico: A peça terá aproximadamente 60 minutos de duração.
Conflito:
Cassandra
X O Destino. A tentativa já frustrada, possuída por um sentimento de angustia e
horror, de uma princesa visionaria para evitar os danos de seu povo já
pré-destinado pelo Destino vingador.
Clímax x Desfecho:
Clímax
da peça vai ser dar no momento em que Cassandra vai presa e tida como uma
ameaça a Tróia e a sua família.
Desfecho
vai ser dado com o aparecimento do Deus Ex Machina, quando leva Cassandra na
ultima cena.
Linguagem (verbal e corporal):
Será
trabalhada a linguagem verbal clássica, com formalidade. Trata-se de uma
família real. O Coro também terá um trabalho corpóreo vocal, e conduzirá o
publico de cena em cena, estará presente com uma linguagem mais narrativa sobre
acontecimentos. Em momentos o Corifeu se dirigirá a Cassandra, também com
linguagem formal.
Gênero:
Tragédia (texto mítico)
Atmosfera:
Sentimentos
ásperos, provocados por uma sensibilização heroica, provida por um toque de
loucura.
Elementos Estruturais Épicos:
Possuem
dentro da estrutura dramática, objetividade, narrativas vindas do Coro de
acontecimentos passados, presentes e futuros.
Faz parte também desta estrutura a solução imediata ao final do texto
com o aparecimento do Deus Ex Machina. A presença do destino está introduzida
durante todo o decorrer da tragédia.
Elementos/ objetos de Cena:
Haverá
tochas que indicarão o caminho até o local onde será realizado o ritual aos
deuses. Uma estrutura média de ferro onde trabalharei cenicamente a prisão onde
Cassandra ficará na cena quatro. Objeto pessoal de Apolo.
OBS:
ainda estou analisando outros possíveis elementos que gostaria de estar
trabalhando em cena.
Tema:
No
momento histórico mítico, encontra-se Cassandra numa tentativa de evitar que a
desgraça atinja seu povo. Tróia não acredita nas visões da princesa e por isso
é invadida. Tomado pelo amor pela princesa os deuses a levam em sinal de
libertação.
Modelo Actancial:
Sujeito:
Cassandra
Objeto:
Libertar os troianos do destino que os aguarda.
Destinador:
Amor e por sua pureza
Destinatário:
Tróia
Adjuvante:
Hécuba e Apolo
Oponente:
O Destino e Príamo
Qual a relação espectador:
O
espectador assim que adentrar o local da encenação receberá um tecido parecido
com uma ombreira, se for homem marrom, se for mulher será preto, de acordo com
as cores do coro, representando a sociedade troiana. Assim, desta forma o
espectador será introduzido dentro do contexto ali encenado e fará parte da
atmosfera criada.